Plástico… esse material omnipresente que atravessa — ou melhor, infiltra-se em — quase todos os aspetos das nossas vidas. Mas afinal, o que é “plástico”?
Em termos simples, o plástico é um produto petroquímico. Sim, o plástico é basicamente feito a partir do mesmo combustível fóssil negro que refinamos para produzir gasolina.
Embora quase toda a gente acredite que o plástico, incluindo sacos, palhinhas, garrafas, etc., seja prejudicial para o nosso ecossistema, a maioria dos consumidores continua convencida de que é seguro quando entra em contacto com alimentos e bebidas.
Mas será mesmo assim?
A verdade é que, nos últimos anos, vários estudos demonstraram que o plástico liberta — ou permite a migração — de substâncias químicas para os alimentos. Hoje em dia, basta compreender uma coisa: o plástico não é um material inerte. Será assim tão surpreendente que, quando o plástico é aquecido, riscado, mordido ou deixado num carro ao sol quente, as peças de plástico libertem químicos tóxicos para o ar, para os alimentos ou para os líquidos armazenados em embalagens e garrafas de plástico?
MAS O PLÁSTICO LIVRE DE BPA NÃO É UMA ALTERNATIVA SEGURA?
Desde que o bisfenol A (BPA) foi identificado como um disruptor endócrino, os fabricantes de plástico passaram a substituir este composto por outros semelhantes que mantêm as propriedades desejadas do plástico. Há já vários anos que o rótulo “livre de BPA” é associado, pelo público em geral, à segurança para a saúde.
Quando se tornou claro e cientificamente comprovado que o BPA estava ligado a problemas significativos de saúde pública, como a puberdade precoce e um aumento expressivo do cancro da mama e da próstata, algumas entidades reguladoras — como a Comissão Europeia, a FDA dos Estados Unidos e a agência de saúde do Canadá — proibiram o uso de BPA, mas apenas em biberões. E apenas nesses países.
O mercado, naturalmente, não poderia deixar de reagir. Perante estas restrições e pressões sociais, os fabricantes responderam rapidamente e recorreram a químicos alternativos para produzir produtos ditos livres de BPA.
Grandes empresas da indústria química, bem como muitos dos principais fabricantes de garrafas e recipientes, querem que acreditemos que o plástico “deles” é seguro ou, nas suas palavras, “não tóxico”.
Infelizmente, estudos recentes NÃO concordam com essas afirmações. Conheça o trabalho da doutora Nancy Wayne, da Faculdade de Medicina da UCLA, que investigou os efeitos do plástico na atividade hormonal. Ela descreve a alegação “livre de BPA” como uma manobra de marketing e vai ainda mais longe, salientando que as empresas estão a substituir plásticos à base de BPA por outros plásticos — tudo em nome do marketing, e não da nossa saúde.
O QUE DIZEM OS ESTUDOS SOBRE PLÁSTICOS LIVRES DE BPA?
Nos últimos anos, os estudos sobre plásticos alternativos ao BPA têm sido claros ao demonstrar que essas substâncias perturbam o sistema reprodutor dos animais de forma semelhante ao BPA e apresentam atividade disruptora hormonal equivalente.
Em estudos com animais, observou-se um aumento de até 40% nos neurónios hormonais, indicando uma superestimulação do sistema reprodutor. A fisiologia do embrião alterou-se em apenas 25 horas, levando a partos prematuros. Estes químicos alteraram os cromossomas do ADN e causaram problemas na produção de óvulos e espermatozoides, efeitos que foram transmitidos até à terceira geração.
Os investigadores observaram ainda que tanto o BPA como o BPS afetam parcialmente o sistema estrogénico e parcialmente o sistema hormonal da tiroide. O hormônio da tiroide tem um impacto significativo no desenvolvimento cerebral durante a gravidez, pelo que esta investigação pode ter implicações importantes para a compreensão do desenvolvimento global do feto, também em humanos.
Até ao momento, os estudos foram realizados apenas em animais. Mas devemos esperar que os mesmos efeitos sejam confirmados em humanos, quando só teremos essas respostas dentro de vários anos?
Mas por que razão os fabricantes nos enganariam?
Dinheiro. A indústria química movimenta milhares de milhões de dólares por ano com o plástico. Os fabricantes de garrafas e recipientes utilizam plástico porque é mais fácil e mais barato do que usar alternativas verdadeiramente livres de plástico.
O mais preocupante é que até os fabricantes de garrafas e recipientes “sem plástico” (como aço inoxidável e vidro) continuam a utilizar plástico em tampas, revestimentos, pegas, copos de beber e palhinhas, o que apenas reduz parcialmente a migração de elementos tóxicos para alimentos e bebidas. Alguns tentam até disfarçar isso com alegações ambientais enganosas:
- Não se deixe enganar por marcas que não mencionam os materiais utilizados ou que se escondem atrás de nomes técnicos — PP, PP #5 ou polipropileno são todos plásticos; Tritan® também é plástico, etc.
- Não se deixe enganar por marcas que afirmam ser “livres de BPA” ou “não tóxicas”, porque mesmo os plásticos livres de BPA (como BPS, entre outros) continuam a libertar químicos tóxicos com efeitos estrogénicos.
- Não se deixe enganar por marcas com uma camada exterior de aço que envolve uma parte plástica — a sua bebida continua em contacto com plástico, e você ou o seu filho continuam a ingerir plástico.
A National Public Radio (NPR) publicou, em setembro de 2018, um artigo marcante sobre a presença generalizada de microplásticos no dia a dia. E sim, infelizmente, você e o seu filho estão expostos ao plástico ao utilizarem produtos feitos deste material. Mas não fará sentido eliminar as fontes de químicos tóxicos sempre que isso for possível?
Existe alguma razão para dar ao seu filho um biberão de plástico ou uma garrafa com componentes plásticos, quando existe uma alternativa que é verdadeiramente 100% livre de plástico?
Após analisar novas investigações, o jornal The Daily Telegraph aconselhou os consumidores a deitarem fora todos os biberões, copos com bico, garrafas de água e caixas de almoço que contenham plástico.
E em julho de 2018, a American Academy of Pediatrics publicou um relatório que abordou os perigos dos químicos libertados por recipientes plásticos durante o uso normal, especialmente quando em contacto com alimentos.
A conclusão da Academia? “Use alternativas ao plástico…”
Pode dizer-se que as notícias sobre o plástico continuam a piorar — desde questões de toxicidade até problemas ambientais. Estudo após estudo confirma a nocividade deste material quando entra em contacto com a nossa comida ou bebida.
Existe realmente lugar para o plástico nas garrafas ou no corpo do seu bebé? Como disse Maya Angelou: “A atenção plena dá-nos a oportunidade de viver melhor.”
Sabemos que é melhor não expor as crianças — nem a nós próprios — a toxinas de forma desnecessária. Está na hora de mudar hábitos e escolher opções mais seguras.